Moral Estética: Borboletas e Baratas

“Se você mata uma barata, você é um herói. Se você mata uma borboleta,

você é mau.” Essa frase parece simples. Quase uma curiosidade moral.

Mas ela carrega um abismo inteiro dentro dela. Porque não fala sobre insetos.

Nunca falou. Ela fala sobre nós. Sobre como julgamos. Sobre como escolhemos quem merece compaixão

e quem pode ser esmagado sem culpa. Sobre como o bem e o mal, muitas vezes,

não nascem da justiça, mas do gosto. Do incômodo. Da estética. Existe um teatro

silencioso acontecendo o tempo todo. Um palco invisível onde decidimos, sem perceber,

quem é digno de empatia e quem é descartável. E nesse palco, a moral usa maquiagem.